Nota disponível em PDF: Nota_Oficial_da_Câmara_Técnica_de_Cirurgia_e_Traumatologia_Bucomaxilofacial_do_CROGO_-_versão_final.pdf

A nota da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) inicia sua ofensiva dando conta de que, no dia 9 de outubro do corrente ano, a imprensa noticia mais um caso de intercorrência depois que um cirurgião-dentista realizou procedimento estético na face de um paciente. A nota inicia com fartura de soberba em seu título, taxando o procedimento como exercício ilegal da Medicina e informando sobre a comunicação imediata realizada ao Conselho Regional de Medicina de São Paulo.

O Conselho Federal de Odontologia e os seus Conselhos Regionais estão fartos de nota como esta, que trazem nos seus conteúdos afirmativas levianas, com o pano de fundo de falsa preocupação com a segurança do paciente, quando, na verdade, deixam vir à tona a disputa e a tentativa de reserva de mercado. É insano, para não dizer patético, quando a SBCP escreve uma nota sensacionalista, na tentativa de sensibilizar a sociedade e, principalmente, os poderes constituídos, mas invariavelmente, se cala diante de estupidez praticada por médicos e cirurgiões plásticos nessa área específica da face e também noticiada na imprensa nacional.

Se a SBCP, através de seus membros, se importasse realmente com a segurança do paciente, deveria buscar a verdade, as razões que levaram às intercorrências ou ao óbito do paciente. Será que isso aconteceu por que foi um cirurgião-dentista que realizou o procedimento? Todos sabemos que procedimentos invasivos trazem riscos naturais que nem sempre dependem do cirurgião. Quantos já foram a óbito nas mãos de cirurgiões plásticos? Quantos terão que morrer, como diz a nota?

Não queremos defender quem comprovadamente cometeu erros. Contudo, é necessário que se tenha responsabilidade ao acusar. É preciso que se tenha senso antes de ser ridículo e mesquinho ao acusar toda uma categoria baseada em um caso noticiado pela imprensa, sem antes apurar o que aconteceu. É importante observar as leis antes de falar ou escrever o que pensa em seu foro íntimo, como fez a SBCP. Não se pode conviver com a arrogância daqueles que se acham donos da verdade, sem olhar para o conhecimento dos outros. Há espaço para todos, suportado pela competência e conhecimento científico de cada um. A sociedade sabe conhecer quem é capaz.


Dr. Euclides Barboza de Oliveira
Presidente da Câmara Técnica de Cirurgia e Traumatologia Buco Maxilo Facial do Conselho Regional de Odontologia de Goiás

Em 22.10.19