A varíola dos macacos é uma zoonose viral causada pelo vírus  monkeypox . Segundo a OMS, a principal forma de transmissão da doença é pelo contato próximo a pessoas infectadas sintomáticas que apresentam lesões ativas ou pelos fluídos corporais, gotículas respiratórias e sexo. No entanto, o contágio também pode ocorrer de forma indireta através de elementos contaminados pelo vírus como roupas, roupas de cama, toalhas, objetos eletrônicos e superfícies.  Importante destacar que ú lceras, lesões ou feridas que manifestam na boca desses pacientes também podem ser altamente infecciosas, o que significa que o vírus pode se espalhar por contato direto com a boca, gotículas respiratórias e aerossóis de curto alcance . Os mecanismos de transmissão pelo ar da doença ainda não são bem compreendidos e estudos estão em andamento para maiores esclarecimentos.


Após o contato inicial há um período de incubação do vírus de aproximadamente 1-2 semanas. Posteriormente, inicia o período prodrômico da doença com surgimento dos sinais e sintomas inicias, caracterizado por febre, cefaleia, mal-estar, fraqueza, dor muscular e linfadenopatia generalizada. Na maioria dos casos, a linfadenopatia pode ser observada nas cadeias ganglionares da região de cabeça e pescoço, sendo essas facilmente identificadas pelo cirurgião-dentista. Logo após a fase prodrômica, aparecem as lesões em mucosa e pele. 
De acordo com o CDC (http://www.cdc.gov/. Clique ou toque para seguir o link." style="color: rgb(0, 0, 255); text-decoration-line: underline;">Centers for Disease Control and Prevention- EUA), lesões orais podem ser observadas em cerca de 75% dos casos e surgem na boca antes de se espalharem para a pele.  A evolução das lesões dura aproximadamente 7 dias e progride através de cinco estágios - macular, papular, vesicular, pustulosa e úlcera - antes da formação fr crostas e resolução.



Como o cirurgião-dentista pode identificar a Varíola dos Macacos?



1- Os pacientes em tratamento odontológico podem estar na fase prodrômica da doença, fiquem atentos para os sinais e sintomas como
 febre, cefaleia, mal-estar, fraqueza, dor muscular e linfadenopatia das cadeias ganglionares da região de cabeça e pescoço. Nesses casos é mandatório a palpação dessas cadeias ganglionares!




2- Lesões intraorais podem ser as primeiras manifestações da doença! Atente-se para a presença de manchas, pápulas, petéquias, vesículas, pústulas e úlceras em cavidade oral ou crostas em lábio.


3- As lesões também podem estar presentes na face do paciente. Nestes casos o paciente deve ser encaminhado para avalição por médico clínico geral ou infectologista.


4- O cirurgião-dentista também deve solicitar exames complementares com finalidade de diagnóstico, mas todos os casos suspeitos ou diagnosticados devem ser encaminhados para avaliação e conduta médica e
 notificados, casos haja a confirmação.



Seguem abaixo imagens de alguns casos de Varíola dos Macacos que apresentaram manifestações em regiões oral e perioral, extraídas do artigo publicado por Thornhill JP e colaboradores (2022) no periódico The New England Journal of Medicine.



Figura: Lesões orais e periorais em diferentes pacientes e fases da doença. a. Pápulas localizadas em lábio e região perioral. b. vesículas em região perioral. c, úlcera em comissura labial esquerda. d e e. úlceras em língua. f, g e h. lesões em orofaringe.


Fonte:
1. Thornhill JP, et al. SHARE-net Clinical Group. Monkeypox Virus Infection in Humans across 16 Countries - April-June 2022. N Engl J Med. 2022 Jul 21. doi: 10.1056/NEJMoa2207323.
2. World Health Organization. https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/monkeypox
3. Centers for Disease Control and Prevention. ttps://www.cdc.gov/poxvirus/monkeypox/clinicians/clinical-recognition.html


Profa. Dra. Nádia do Lago Costa

Professora Associada de Diagnóstico Bucal da UFG
Presidente da Comissão de Ensino e Especialidades do CROGO

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